segunda-feira, 18 de junho de 2012

FRAUDES DIVERSAS E "TECNOLÓGICAS"

Fraudes Diversas e Tecnológicas
Informações pessoais usadas para esvaziar as contas bancárias 

Alavancas: Ignorância Técnica e Operacional, Ingenuidade e Escassa Antenção 


Esta categoria de fraudes pode ser relacionada a muitas outras, em particular às fraudes de "Roubo de Identidade", aos esquemas de "Engenharia Social", à carta da Nigéria e suas variantes assim como à boa parte das fraudes "financeiras" (veja capítulos específicos no site).
Phishing de dadosNa prática o golpe funciona assim, com alguma desculpa ou justificação os golpistas procuram obter os detalhes pessoais e de uma conta bancária da vítima e alguns documentos por ele assinados (para ter um exemplo da assinatura). Depois forjam uma ordem (completa de todos os dados e da assinatura da vítima) de transferência da conta da vítima para uma conta por eles controlada, aberta em nome de algum "laranja", com documentos falsos ou em algum paraíso fiscal. Enviam a ordem de pagamento para o banco da vítima e, se o banco a aceitar (o que é bastante provável, em muitos casos), eles terão conseguido o que queriam na hora em que coletaram os dados da vítima. É importante também saber algo sobre os meios usados para obter os dados pessoais e da conta, em seguida uma lista dos meios que parecem ser mais usados:

  • Graça à conivência de funcionários postais ou do banco, pessoas que tem contas no exterior recebem um documento, aparentemente vindo do próprio banco ou de alguma autoridade governamental estrangeira, pedindo para atualizar o cadastro em função de alguma nova norma. Eles recebem junto um formulário completo que devem preencher, assinar e enviar até uma certa data por fax a um determinado número de telefone no exterior. Obviamente quem recebe o fax são os golpistas !!
  • Os golpistas inventam algum importante benefício que a vítima supostamente pode receber na própria conta. Para tanto a vítima tem que fornecer todos os dados pessoais e os da conta e possivelmente assinar algum tipo de documento (recibo, liberatória, contrato, aceitação etc...). Exemplos são o famoso golpe da Nigéria e suas variantes, supostos prêmios de loteria a serem pagos, fundos bloqueados a serem transferidos, heranças desconhecidas a receber ... e toda uma série de outras falsas justificações amplamente descritas neste site. Em muitos casos os golpistas tentam primeiro dar um golpe do tipo "advance fee", como no caso dos "Nigerianos", para depois dar um segundo golpe usando as informações pessoais obtidas da vítima.
  • Os golpistas atraem a vítima oferecendo vantagens interessantes tipo operações de investimento de alta rentabilidade, financiamentos extremamente favorecidos, facilidades em obter créditos comerciais (trade finance) etc... uma vez atraído o cliente pedem para ele fornecer as próprias referências bancárias para poder ir em frente com as operações e pedem também para assinar documentos (contratos, acordos, seguros etc...). De posse disso já estarão prontos para aplicar o golpe... obviamente nenhuma das operações ou vantagens prometidas virará realidade.
  • Os golpistas inventam sorteios, promoções, recadastramentos, problemas de segurança etc.. com o intuito de conseguir as informações relativas a seus cartões de débito ou crédito (número, códigos de segurança, senhas etc...). De posse disso executam operações diretamente em sua conta bancária ou fazem compras em sites do mundo inteiro, usando seus dados. Muito comum, neste caso, o uso de armadilhas tecnológicas quais trojans, phishing etc... (veja capítulos relativos).
Em vários países os bancos estão se adaptando para tentar evitar este tipo de fraude e pedem que os clientes usem determinados procedimentos de segurança e verificação quando quiserem fazer ordens de transferência. Porém, os golpistas ainda têm chances de sucesso com este golpe.
Existe um alerta mundial sobre este tipo de golpe emitido pela ICC (International Chamber of Commerce).

Se tiver fornecido seus dados bancários e outras informações pessoais para pessoas suspeitas ou achar que alguém possa ter tido acesso a eles, envie imediatamente uma carta registrada ao seu banco solicitando que qualquer ordem ou comunicado supostamente enviado ao banco por você seja sempre confirmado pessoalmente antes de ser executado.





Fraudes Diversas e Tecnológicas
Os falsos sites dos bancos e as promoções via e-mail (phishing) 

Alavancas: Ignorância Técnica, Escassa Atenção 


PhishingEste golpe é com certeza um dos mais originais da relativamente nova safra de golpes "tecnológicos" via internet.
Você recebe um e-mail cheio de componentes gráficos e logomarcas que o identificam aparentemente como enviado por um banco (um dos grandes, normalmente). Neste e-mail você é convidado a acessar um site supostamente do mesmo banco (ou da seguradora ou operadora de cartões do banco) com alguma desculpa.
Entre as desculpas mais comuns lembramos:

  • participar de alguma promoção ou sorteio
  • ganhar um seguro de graça
  • atualizar um cadastro
  • autenticar ou cadastrar o seu e-mail
  • cumprir novas determinações legais
  • atualizar configurações de segurança
Os endereços destes sites também são plausíveis, para quem reparar neles (a maioria das pessoas não repara no endereço que aparece na janelinha do navegador). Freqüentemente estes endereços contém o nome do banco mais alguma palavra atraente tipo "sorteio" ou "promoção", mas raramente são do tipo ".com.br" ... mais freqüentemente são ".com" só ou tem sufixos de provedores gratuitos de hospedagem ou espaço virtual.
Você acessa o site e vai ter a agradável surpresa de encontrar um ambiente gráfico e um conceito de uso idênticos aos normalmente usados por aquele banco. Neste site entre as perguntas ou dados que você é solicitado a fornecer tem obviamente o número da sua conta e/ou do seu cartão com relativas senhas e demais detalhes (chegam a pedir TODAS as 40-50 posições dos cartões de senhas que alguns bancos utilizam para aumentar a segurança nas transações via internet). Você fornece estes dados acreditando que está assim cumprindo seu dever ou aproveitando uma bela chance de ganhar um cruzeiro por duas pessoas e ... surpresa ... no final da tarde descobre que o saldo da sua conta foi transferido ou sacado integralmente por desconhecidos !!

Estes sites são falsos e nada tem a ver com os bancos verdadeiros. Os golpistas usam os dados por você incautamente fornecidos, através dos sites forjados, para limpar a sua conta. Os bancos estão combatendo esta safra de golpes com ações rápidas para tirar estes sites do ar assim que aparecerem, mas os golpistas usam a rapidez da internet para aplicar os golpes e enviam milhões de e-mails para angariar vítimas antes que os sites sejam tirados do ar !

Lembre-se portanto de acessar sempre e só os sites oficiais dos bancos, digitando com suas mãos o relativo endereço, rejeitando qualquer link pré-confeccionado e desconfiando de qualquer outro site "parecido".

Se você tiver a menor dúvida quanto ao site que está acessando, e achar que, por alguma razão, poderia não ser o do seu banco, use o seguinte truque (chamado de "falso positivo"): na hora em que o site lhe pedir a senha pela primeira vez, coloque uma senha propositalmente errada. Se o sistema aceitar a sua senha errada, sem sinalizar que a mesma é errada, quer dizer que não é o verdadeiro site do banco (ou seja é tentativa de golpe !!).
Isso porque o verdadeiro site do banco teria verificado a senha e informado que está errada, pedindo para digitar a senha novamente. O site fraudulento, porém não tem como saber se a senha está errada ou certa, pois o intuito dele é justamente fazer com que você informe a senha para os golpistas aproveita-la, por isso aceitará o que você for digitar, certo ou errado que seja.
Infelizmente já foram registrados sites fraudulentos que respondem recusando sempre a primeira senha fornecida, o que na prática inviabiliza o sistema do falso positivo.

Vale a pena mencionar rapidamente alguns dos métodos mais comuns usados pelos golpistas para retirar ou usar dinheiro das contas invadidas:

  • Abertura de uma conta (normalmente em outros estados) com uma identidade roubada ou forjada e trasferência do saldo da conta invadida para a nova conta (via DOC/TED), com sucessivo imediato saque através de caixa automático em uma agencia diferente da de abertura da conta.
  • Pagamento, através da conta invadida, de contas, DARFs e boletos de terceiros contra recebimento em dinheiro com desconto por parte de empresas ou pessoas ingênuas (que depois deverão explicar porque suas contas foram pagas com dinheiro roubado).
  • Compra de mercadorias ou moedas virtuais (paypal, e-gold...) através de sites de vendas virtuais, sites de leilões ou anúncios na internet e com pagamento feito com transferência ou DOC/TED a partir da conta invadida.
De fato, este tipo de operações representam uma forma de "lavagem de dinheiro".

É importante observar que existem esquemas de "phishing" que visam conseguir informações reservadas de outro tipo (não bancarias), como por exemplo contas de programas de milhagem de companhias aéreas (veja esta página), contas de cartões de crédito e contas de serviços financeiros online do tipo "paypal".

Para facilitar a identificação de mensagens de phishing, acreditamos ser útil reportar uma serie de características frequentes nestes tipo de e-mails:
  • Gramática Pobre: Erros gramaticais e uso excessivo de pontos de exclamação.
  • Erros de Ortografia: Palavras com grafia incorreta ou nomes de empresas escritos de forma incorreta.
  • Falhas de Design: Logotipos e marcas distorcidos ou com tamanhos irregulares.
  • Senso de Urgência: Mensagens alarmantes solicitando ação imediata, como "Sua conta será suspensa em 24 horas." ou "Entre em contato imediatamente para receber sua encomenda ou eu prêmio."
  • Dados de Contatos Omissos: Mensagens que não fornecem um canal de contato alternativo para tratar da questão informada (ou seja, um telefone, um e-mail ou um local físico).
  • Links Enganosos: Mensagens convidando a clicar em um link aparentemente conhecido, mas que te direciona para outro site não seguro ou falso. Você pode detectar se trata de um link falso colocando o cursor de seu mouse em cima do link sem clicar. Você verá um uma pequena janela o destino correto do link. Se aparecer um endereço suspeito (que não seja o site original da empresa) ou diferente do informado no link não clique nele, é fraude. Também são considerados suspeitos links contendo números no lugar de letras, abreviações, ou palavras com erros ortográficos.
Este golpe, nos EUA, é chamado de "phishing", ou seja "pescaria", pois são enviados milhares de e-mails (as iscas) e depois se espera para as vítimas (os peixes) abocanha-las.

Visite www.antiphishing.org para saber mais, este site é dedicado a este tipo de fraudes (sobretudo em relação à realidade dos EUA).
Fraudes Diversas e Tecnológicas
Os E-mails e Sites com Vírus de brinde e suas Variantes 
Alavancas: Ignorância Técnica, Escassa Atenção 


Este golpe "tecnológico" é conceitualmente bem parecido com o dos falsos sites dos bancos. Para alguns profissionais do setor, determinadas variantes deste tipo de golpe também são classificáveis de "Phishing".
Separei esta seção da sobre "phishing puro" pois existem muitas variantes e os falsos sites, quando utilizados, são mais facilmente de redes de televisão ou outras entidades, raramente de bancos. Da mesma forma os e-mails não aparentam vir de bancos mas de outras fontes e usam todo tipo de artimanha para atrair a curiosidade e interesse das vítimas. Ou seja, o golpe tem vários aspectos peculiares.

Emails com TrojanEm síntese, no caso dos falsos sites, você recebe um e-mail (juntamente com outros milhares de potenciais vítimas) que o deixa pensar que pode ter uma chance de participar, por exemplo, das seleções para algum dos programas de grande audiência que distribuem prêmios importantes (Show do Milhão, Big Brother Brasil etc...). Para fazer isso deve acessar um site supostamente da rede de TV que manda ao ar o dito programa.
Você acessa o site e encontra um ambiente gráfico muito parecido com o do site verdadeiro da rede de televisão em questão. Neste site existe toda uma série de opções (inscrição, cadastramento, pedido de informações, formulários etc...) que tem como único pressuposto e resultado o descarregamento de um pequeno programa no seu computador (supostamente necessário para a dita inscrição, cadastramento etc...).
Se você resolver instalar este programa o seu computador será infectado por um tipo vírus (chamado de "Trojan" ou "Worm") cujas funções são, às vezes, atrapalhar o funcionamento de seu computador mas sobretudo, isso é o mais perigoso, interceptar senhas ou dados digitados por você naquele computador (por exemplo quando acessar o seu banco por internet, ou quando fizer um pagamento por cartão de credito) e transmiti-los a um golpista. O uso que será feito de tais dados você pode muito bem imaginar... a sua conta será rapidamente esvaziada e iniciarão a chegar contas pra pagar, que você desconhece.
Leia no capítulo anterior a respeito de como isso é feito na prática.

Obviamente estes sites nada tem a ver com as redes de televisão ou demais entidades envolvidas que estão fazendo o possível para combater estas práticas. Existem muitas variantes deste golpe, uma em particular, bastante perigosa, é o e-mail que sugere o simples descarregamento e instalação do "formulário" (que nada mais é que o vírus), sem necessidade de acessar nenhum site !!

As muitas outras variante deste golpe

Variantes muito freqüentes são e-mails que nada tem a ver com programas televisivos, mas simplesmente, com alguma desculpa e tentando despertar a atenção, curiosidade ou preocupação do destinatário, convidam a baixar algum arquivo de algum site, ou mais simplesmente já vem com um arquivo anexado e convidam a abrir o mesmo. O arquivo obviamente é um tipo de vírus.

Um exemplo clássico é o e-mail que anuncia que alguém (deixando entender que seja uma pessoa muito íntima, freqüentemente um/uma misterioso/a "Segredinho" ou "Meu/Seu Amor" ou ainda um "Amigo"/"Amiga") teria enviado um cartão virtual, fotos ou outro tipo de mensagem para você e que para receber isso você precisa instalar alguma coisa ou simplesmente clicar em um link (que instalará algo). Se fizer isso obviamente instalará o famoso vírus ! Vale lembrar que existem inúmeras variantes envolvendo supostos cartões ou mensagens virtuais.
Tem ainda o e-mail do "amigo" anônimo que sem aparecer quer lhe informar que "você está sendo traído" e lhe provar isso através de fotos anexadas ao e-mail ... obviamente se baixar as supostas fotos receberá no lugar o famoso vírus.

Outra variante fantasiosa, aos danos sobretudo de empresas, é um e-mail (freqüentemente vindo de empresas com nomes japoneses e localizadas no norte ou nordeste do Brasil) fazendo um pedido ou solicitando um suposto orçamento ou licitação e pedindo para que seja baixando um programa contendo as informações a serem preenchidas para participar desta licitação ou para apresentar o próprio orçamento. Os incautos que baixarem este programa, na esperança de conseguir vender os próprios produtos, baixarão somente um belo vírus !!

Uma variante mais recente, mas parecida com a do cartão, é a dos problemas de crédito ou do CPF ou CNPJ bloqueado ou com problemas. Chega um e-mail supostamente enviado pela SERASA, SPC, CPC, Banco Central, Receita Federal, ou por outra entidade prestigiosa, empresa famosa (muitas vezes companhias telefônicas) ou escritório de advocacia (que obviamente não tem nada a ver com isso e não enviou o e-mail, mas simplesmente foi usada pelos golpistas), dizendo que o seu nome aparece na lista de devedores, que tem pendências ou contas a pagar, que está em processo de cobrança ou que seu CPF está sujo ou que foi bloqueado pela Receita em função de algum problema e solicitando que você baixe um programa para saber do que se trata ou para poder fazer a regularização deste problema e resolver a situação. Obviamente o programa que irá baixar é o famoso vírus !!

Outras variantes conhecidas são resumidamente publicadas na página: Lista de e-mails com Vírus.

Informações e medidas preventivas

Normalmente um bom programa antivírus constantemente atualizado pode proteger contra parte destes vírus/trojans/worms, mas é bom não se arriscar e, se quiser averiguar informações surpreendentes que recebeu por e-mail, nunca o faça abrindo os arquivos anexados ou os sites sugeridos no próprio e-mail. Prefira sempre abrir as páginas e sites oficiais das empresas ou organismos mencionados. Ou ligar com o bom e velho telefone.
Vale lembrar que os golpistas, antes de lançar um novo ataque, quase sempre "testam" seus trojans para ter certeza que naquele momento estejam em condição de superar ilesos os controles dos principais antivírus. Normalmente estes softwares demoram entre 36 e 72 horas para adquirir (através das atualizações) a capacidade de detectar os novos trojans.

Aconselho que leia com atenção a minha "Cartilha de Segurança".
Outra leitura recomendável é a seção sobre "Técnicas Avançadas de Defesa Digital".

Fique atento ao tipo de arquivos anexados ou linkados aos e-mails. Devem ser considerados particularmente suspeitos e evitados os arquivos dos tipos: SCR CMD EXE COM PIF BAT DPR ASX, assim como arquivos compactados tipo ZIP ou RAR que contenham, por sua vez, um arquivo do tipo anterior.
Para evitar dúvidas, o "tipo" de um arquivo é dado pelas ultimas 2, 3 ou 4 letras ou números que aparecem depois do último ponto (".") no nome do arquivo.

Cuidado também aos e-mails contendo um link para um site de "downloads" (como o www.rapidupload.com), neste caso no e-mail não aparecerá o nome do arquivo contendo o vírus mas sim um código. Acessando o site aparecerá uma janela propondo de baixar, agora sim, um arquivo de um dos tipos acima descritos... recuse sempre !!

É fundamental saber que é muito fácil enviar um e-mail utilizando abusivamente e falsamente um endereço de remetente aparentemente bom (por exemplo de um seu amigo ou de alguma instituição respeitada). Na realidade o e-mail parece ter sido enviado pelo tal endereço “confiável” e somente uma analise mais atenta e especializada (sobre o IP de origem e os servidores utilizados) poderá comprovar o uso abusivo do endereço e a origem fraudulenta. Por isso é oportuno desconfiar de qualquer e-mail, inclusive dos aparentemente vindo de remetentes “confiáveis” mas mesmo assim inesperados, suspeitos ou estranhos.

Se suspeitar que o seu computador possa ter sido invadido por um Vírus ou por um Tojan ou Worm, pode tentar utilizar um dos seguintes excelentes sistemas on-line de controle contra vírus (são grátis e basta clicar no link):



Fraudes Diversas e Tecnológicas
O sorteio vencedor na loteria internacional 

Alavancas: Ganância, Gostinho do "Exclusivo", Irracionalidade, Ignorância Operacional, Ingenuidade 


Este golpe já é um clássico, mas continua se alastrando pelo mundo inteiro. Existem relatos vindo da Ásia, da África do Sul, de vários países da Europa (sobretudo Inglaterra, Holanda e Alemanha) e obviamente dos EUA.
O Brasil, claramente, com seu povo acostumado e ver sorteios e loterias atrelados à qualquer coisa (contas bancárias, investimentos, seguros, compras, assinaturas etc...), não está isento e já foi atingido em cheio por esta onda.

O golpe é simples e desfruta de mecanismos presentes em outros esquemas, em particular nas variantes digitais da carta da Nigéria (veja capítulo específico).

A vítima recebe um e-mail, supostamente vindo da administradora de uma loteria internacional (raras vezes uma loteria que existe realmente, freqüentemente da Holanda, Espanha, Alemanha, EUA ou Austrália), dizendo que, no âmbito de uma promoção, ou por alguma outra razão, o seu nome foi incluído entre os participantes e ... adivinhe ... ganhou várias centenas de milhares ou até milhões de Dólares ou Euros ou Libras no último sorteio.
O dinheiro estaria depositado em uma "security house" (exatamente como acontece muitas vezes com o "dinheiro" dos golpistas da Nigéria), ou em um suposto banco, ou disponível junto a um "agente pagador" ou a uma outra suposta entidade parecida, prontinho para ser transferido para você ... o que você tem que fazer é enviar os seus dados pessoais, os dados de uma sua conta e mais alguns outros documentos assinados !!

Obviamente irão enviar muitas "comprovações" da existência do seu prêmio, certificados de "ganhador", outros documentos "oficiais" e até cópia do cheque que estaria lhe esperando (sic!).

Se você cair nesta conversa poderá sofrer até dois golpes de uma vez só ... primeiro eles tentarão pegar algum dinheiro adiantado de você, alegando, freqüentemente por intermédio da "security house" (que quer dizer "empresa de segurança ou custodia" e não "seguradora" como muitos acham) ou suposto banco, que tem impostos ou taxas de custódia, impostos para "não residentes", taxas para processamento, prêmios de seguro, custos bancários da transferência, despesas legais, ou qualquer outro tipo de custo para pagar antes que o dinheiro do suposto prêmio seja liberado e transferido para a sua conta.
Logo depois, de posse dos seus dados bancários e de cópias da sua assinatura e documentos, eles poderão tentar sacar dinheiro da sua conta (veja capítuloespecífico sobre este tipo de golpe).

Existem fortes indícios que boa parte dos golpes deste tipo (sobretudo os vindo da Europa) sejam organizados por grupos de nigerianos e outros africanos expatriados, que estão diversificando suas atividades fraudulentas. Foram também registrados alguns golpes deste tipo vindo da Ásia.


Fraudes Diversas e Tecnológicas
Os boletos de cobrança e as faturas falsas, infladas ou indevidas 

Alavancas: Ingenuidade e Escassa Atenção 


Existe toda uma série de golpes e ações aos danos de empresas que desfrutam falhas administrativas, de comunicação interna ou organizacionais, comuns em empresas ou entidades de todos os tipos e até em multinacionais.
Algumas destas fraudes poderiam muito bem aparecer na seção das fraudes internas, por envolverem, às vezes, funcionários cúmplices.
Em outros casos (como o primeiro da lista abaixo) não se trata tecnicamente de fraudes ou atos abertamente ilícitos, mesmo existindo já sentenças judiciais neste sentido, mas de ações de "marketing" no limite da legalidade, e muito discutíveis de um ponto de vista ético, que visam conseguir pagamentos não obrigatórios por parte de empresas descuidadas ou desinformadas.
Esta é uma síntese dos principais casos deste tipo:

Os boletos de associações empresariais furadas: a empresa recebe um boleto bancário por supostos serviços rotineiros ou taxas de associação ou participação em alguma coisa. Na maioria dos casos o boleto tem aparência "oficial", ou seja passa a sensação de ser um documento de alguma associação ou entidade pública, cujo pagamento é obrigatório ou recomendável.
O valor deste boleto não é muito alto, muitas vezes algo abaixo de 100 R$ e raramente acima de 300 R$. Na realidade estes pagamentos não são devidos (ou seja são totalmente facultativos e nada obrigatórios como em muitos casos estes boletos deixam sutilmente supor) e, na maioria dos casos, nenhum serviço é prestado em troca. Se for taxa de associação para alguma entidade esta freqüentemente não existe ou é priva de qualquer conteúdo ou utilidade.
Estes boletos, mesmo quando emitidos por uma entidade que realmente existe, nunca fornecem explicação dos objetivos da tal associação, não tem indicação do site internet da entidade ou especificação dos serviços aos quais o pagamento daria direito.
Os boletos acabam misturados com os demais recebido pela empresa, e por ser um valor pequeno, com uma motivação aparentemente plausível e demorada ou difícil de verificar, acaba sendo pago regularmente.
Para as "associações", que enviam milhares de boletos deste tipo, o que conta é a media de pagamentos ... se por hipótese os boletos pagos forem só 10% de um total de 10.000 enviados, e cada um for por um valor de 95 R$, elas acabarão recebendo 95.000 R$ praticamente de graça !!
(veja exemplos na página a seguir)

As pequenas faturas por material não fornecido: a empresa recebe uma fatura por um valor modesto (algo entre 50 e 200 R$) supostamente relativa ao fornecimento de material para escritório de consumo habitual (papel sulfite, cartuchos de impressora, papel para fax, canetas, toner etc...). Em alguns casos os golpistas usam o nome e as marcas de verdadeiros fornecedores habituais da empresa, mas os dados bancários para o pagamento são diferentes. Em outros casos eles conseguem (ligando com alguma desculpa) o nome de algum funcionário da empresa que depois é usado como referência na fatura para comprovar que os bens foram mesmo ordenados/entregues. Na realidade este material nunca foi fornecido, mas por ser uma fatura plausível, relativa a material de consumo e com um valor pequeno, acaba sendo paga normalmente.

A adulteração dos boletos de concessionárias e fornecedores: a empresa recebe um boleto de cobrança de alguma concessionária de serviços públicos (energia, telefonia etc...) ou de um fornecedor. Esta é uma fraude em crescimento e envolve a adulteração dos boletos deste tipo. Na prática são enviados ou entregues as empresas vítimas, guias com os códigos de barras adulterados e com o campo do favorecido indicando uma "conta-fantasma". Às vezes as adulterações das guias são muito bem feitas.
No procedimento mais rudimentar, e que vem sendo identificado com uma freqüência surpreendente, os boletos são confeccionados em papel sulfite em uma impressora comum (jato de tinta preto ou colorido). Os códigos de barras são adulterados no intuito de obrigar o caixa bancário a digitar os algarismos acima do código (representação númerica do código). Esses algarismos são uma alteração dos originais e acabam por indicar uma conta bancária favorecida distinta, obviamente sob o controle dos golpistas. Assim, os valores que deveriam ser creditados em uma concessionária de serviços ou a um fornecedor acabam sendo desviados para os golpistas.
Obviamente esta fraude tem uma vida mais curta do que a que envolvia as guias de impostos. Geralmente as concessionárias notificam com maior agilidade os usuários dos serviços, quando não bloqueiam os serviços e iniciam o processo de cobrança. Os fornecedores também verificam seus recebimentos de forma regular. Freqüentemente existe conivência de entregadores de boletos ou de funcionários das empresas vítimas.
(veja dicas e exemplos na segunda página a seguir)

A venda fraudulenta com preços alterados: a empresa recebe por telefone (para não ficar provas) uma oferta vantajosa por um determinado material para escritório, aceita a oferta e recebe o material (freqüentemente de péssima qualidade). Dias ou semanas depois (para deixar passar tempo e esquecer detalhes) recebe a fatura relativa por um valor bem inflado em relação à oferta original ou contendo itens que não foram entregues. O valor total da fatura, porém, continua sendo relativamente modesto (abaixo de 200 R$, normalmente). A empresa acaba pagando ou por não ter controle sobre o que aconteceu realmente, ou por não poder devolver o material porque já foi usado, ou por não ter que discutir (o caso mais raro).

As faturas indevidas com envolvimento de funcionários: esta variante visa criar desconfianças dentro de uma organização. A coisa toda inicia quando alguém liga para um funcionário falando em uma promoção incrível de algum artigo e lhe oferecendo algum presente ou artigo promocional gratuito. Ele aceita e o presente é entregue na empresa de forma oficial. Logo depois chega outra entrega de material levando como referência para a ordem, na nota de entrega, o nome do tal funcionário. Juntamente com a entrega ou logo depois chega também a fatura por um valor bem acima do valor que se poderia esperar para aquelas mercadorias. Na fatura também se usa como referência o nome do funcionário. Os golpistas apostam muito no nervosismo do funcionário em relação à questão toda e sobretudo à necessidade de justificar o presente recebido na hora em que for questionado pelos superiores. O objetivo é fazer com que a empresa pense que o funcionário seja desonesto e tenha algum rolo que o tenha levado a fazer a ordem ou algo parecido, e como conseqüência que a ordem seja real e portanto deva ser paga. A questão do presente virá à tona caso a fatura não seja paga, usando isso primeiro como ameaça contra o funcionário e depois para provar que a ordem realmente aconteceu, mesmo se feita por um funcionário desonesto.

O golpe da publicidade na lista telefônica: a empresa vítima recebe algum contato por parte de uma empresa editora de listas telefônicas (as vezes se apresentam como empresas de publicidade ou como filiadas de companhias telefônicas). No contato, muito gentil e prestativo, são solicitados dados supostamente para atualização de informações para a tal lista telefônica ou para outras finalidades, sempre deixando entender ou falando abertamente que se trata de algo gratuito ou sem custos adicionais além da conta do telefone. Freqüentemente eles pedem também alguma informação particular de quem atender (números de documentos), supostamente por razões de segurança e confiabilidade das informações fornecidas. Em alternativa eles pedem para enviar as tais informações por fax ou preenchendo e retornando um formulário que eles enviam também por fax. Neste caso freqüentemente também solicitam que alguém assine para confirmar as informações.
Depois de algum tempo chegará uma fatura da tal empresa, ou de outra parecida, cobrando um valor (normalmente entre 500 e 1500 Reais, muitas vezes parcelados) para inclusão dos dados em alguma lista telefônica ou para anúncios ou publicidades. Se a empresa vítima não pagar eles ameaçarão ações na justiça e cobrarão de forma insistente alegando que foram contratados para incluir a empresa na tal lista ou para publicar os anúncios, que o serviço foi prestado e que as informações para tanto foram fornecidas por Fulano ou Beltrano (quem confirmou as informações por telefone e/ou assinou os documentos confirmando por fax), apresentando para tanto as provas que coletaram na hora do contato inicial (número do documento, fax enviado com/sem assinatura etc...).
Existe uma variante em que o contato é feito diretamente por uma empresa de cobrança da tal lista telefônica e, quando questionados, eles (ou a própria empresa da lista telefônica) solicitam que seja assinado e enviado por fax um requerimento pré-formatado (por eles) para que possam ser fornecidas maiores informações ou documentos que comprovem a divida. Neste documento existem clausulas de admissão da divida que, uma vez assinadas, serão executadas. Em alternativa, de posse de um exemplar da assinatura, serão forjados documentos supostamente enviados por fax autorizando a tal publicação nas listas telefônica com conseqüente cobrança.

A cobrança de títulos prescritos, falsos ou inexistentes: existem algumas variantes desta modalidade. Em alguns casos a vítima (pessoas física ou pequena empresa) recebe um contato (por telefone, e-mail ou carta) de um suposto cartório de títulos ou de um suposto escritório de advocacia, supostamente sediado em algum lugar distante. No contato a vítima é informada da iminência do protesto de supostos títulos (boletos, contratos, cheques...) por ele emitidos e não pagos, e que para evitar tal ocorrência (que acarretaria maiores custos e a inclusão do nome nos órgãos de restrição ao crédito), deve fazer um deposito imediato de certa quantia. Quando solicitados a enviar copia de tal titulo os golpistas não apresentam nada (alegando qualquer desculpa) ou, às vezes apresentam cópias de documentos falsificados (em alguns casos com a ajuda voluntária ou não de funcionários internos quando a vítima for empresa).
Na realidade se trata de ameaça vazia pois não existe nenhum titulo em condição de ser protestado nem razões para inclusão nos órgãos de restrição.
Em outra modalidade, os golpistas coletam, junto a empresa e outras entidades, cheques antigos devolvidos na época e nunca pagos, mas também amplamente prescritos em função do tempo passado. Com estes documentos nas mãos realizam uma cobrança muito agressiva informando a vítima que em caso de não pagamento de um valor estipulado para acordo o nome da mesma seria incluído nos órgão de restrição ao crédito e uma ação de cobrança judicial seria imediatamente iniciada. Quando solicitados não tem problemas em apresentar cópia do cheque prescrito. O intuito é assustar a vítima para fazer com que aceite um acordo e realize pagamentos que na realidade são totalmente indevidos por ser o título prescrito.

É importante saber que vários casos deste tipo são passíveis de ações de recuperação (quando os golpistas não tiverem já sumido), sobretudo em força do Código de Defesa do Consumidor. A melhor defesa, porém, é sempre ter um controle firme sobre a própria administração, contabilidade e processo de pagamentos.

Fraudes Diversas e Tecnológicas
Serviços interessantes com informações em um telefone "internacional" 

Alavancas: Ignorância Técnica e Operacional, Igenuidade e Escassa Atenção, Ganância 


Esta é uma variação de alguns outros golpes quais o dos fundos bloqueados, das heranças desconhecidas ou esquecidas, dos fundos perdidos ou esquecidos, dos impostos recuperáveis ou reembolsáveis, das aposentadorias etc...

Na prática, através de anúncios ou contatos diretos, os golpistas dizem que eles têm uma organização em condição de recuperar tais valores e que todo mundo pode ter riquezas "desconhecidas" ao redor do mundo sem saber-lo. Eles se dizem dispostos a fazer uma pesquisa gratuita e, no caso em que algo seja encontrado, se oferecem para auxiliar na recuperação do valor por uma modesta percentual (de 10% a 20%).

Para dar início ao processo de busca gratuito deve-se ligar a "central de buscas internacionais" no número XX-XXXXX... este telefone é um número internacional que cobra um valor elevado (vários Reais) por minuto de conversação.

Você ligando ficará no telefone por um bom tempo passando os seus dados e outras informações e falando com várias pessoas que farão de tudo pra manter você na linha um tempão ... no fim do mês a primeira surpresa chegará na sua conta de telefone !!

Em uma variante comum, depois desta primeira etapa, a vítima receberá um contato dizendo que foram encontrados fundos aparentemente em nome dela (normalmente um valor interessante) e que pode se tentar uma recuperação. Para isso é necessário efetuar um depósito para ajudar nas custas de pesquisa e recuperação.
Nem precisa dizer que no fim, obviamente, nenhum fundo será recuperado e o valor depositado será perdido.



Fraudes Diversas e Tecnológicas
Os discadores instalados às escondidas 

Alavancas: Ignorância Técnica, Ganância 


Existem algumas variantes deste golpe circulando há um bom tempo no mundo inteiro. Na prática o objetivo é aproveitar dos escassos conhecimentos técnicos e/ou da ingenuidade de alguns usuários da internet para instalar no computador destes um discador (ou "dialer" em inglês).

Um discador é um pequeno programa cuja única função é ligar às escondidas para algum número de telefone com tarifa bem cara (números internacionais ou números de serviços a cobrar ou algo assim) e fazer com que esta ligação dure o maior tempo possível.
Para fazer isso utilizará o modem presente na maioria dos computadores, configurando-o para que a operação passe o mais despercebida possível.
A surpresa virá depois, no fim do mês, junto com a conta do telefone.
Freqüentemente o discador é apresentado com um programa que permite o acesso a determinadas informações ou sites que não seriam acessíveis sem ele. Muito comuns são sites pornográficos e sites contendo softwares (piratas) ou músicas.

Os discadores são dissimuladamente instalados usando várias técnicas:

  • Visitando alguns sites (sobretudo de sexo, mas não só) aparece uma janelinha dizendo que tem que baixar alguma coisa para poder ver ou acessar algo, se você aceitar, e clicar em botões tipo "Confirmação", "Sim", "Abrir", "Aceito" ou algo assim, instalará um belíssimo discador.
  • Tem vários e-mails que circulam na rede sugerindo que você tenha ganhado alguma coisa ou esteja recebendo outras vantagens (freqüentemente ligadas a sites de sexo, novamente). Nestes e-mails se diz que, para você receber o seu "premio" ou o que for, tem que clicar e baixar alguma coisa (ou às vezes dizem só que tem que clicar e aceitar o prêmio) ... se fizer isso baixará o famoso discador.
Como regra geral nunca aceite ou confirme nada que apareça em janelinhas não solicitadas ou que tenha uma aparência desconhecida. Na dúvida feche a janela sem apertar nenhum botão.

Veja também os capítulos sobre golpes com números de telefone internacionais e sobre e-mails com vírus, além da nossa "Cartilha de Segurança Digital".

Fraudes Diversas e Tecnológicas
As confirmações de compras inexistentes com o Cartão 

Alavancas: Ignorância Técnica e Operacional, Ingenuidade e Escassa Atenção, Irracionalidade 


A vítima recebe um e-mail informando que a sua ordem de compra de alguma coisa está sendo, ou já foi, processada e o seu cartão de crédito será debitado por um valor X (elevado).
O problema é que a vítima não comprou absolutamente nada disso pelo cartão.
Na realidade os golpistas enviaram a mesma mensagem na forma de SPAM para milhares de pessoas usando como endereço e-mail de resposta um endereço invalido, o que impede a vítima de recusar / anular a suposta compra por meio de e-mail. No e-mail os golpistas fornecem também um número de telefone da suposta empresa vendedora.

Trata-se normalmente de um número internacional que cobra taxas elevadas por minuto de conversação (até 25 USD por minuto, freqüentemente com prefixo 767 ou parecido). Você liga para resolver este mal entendido da cobrança no cartão e eles enrolam você para ficar o máximo possível na linha ... afinal o seu problema com o cartão será resolvido mas a sua conta de telefone trará outras surpresas desagradáveis.

Em uma variante bastante comum, anexado ao e-mail tem um arquivo supostamente contendo os detalhes da operação mas que na realidade é um vírus ou trojan ou discador (veja capítulo sobre este golpe específico).

Outra versão ainda, convida a visitar um determinado site para obter maiores detalhes ou para informar abusos ou discordâncias. Acessando o site é proposto o envio de um arquivo supostamente contendo detalhes da operação ou formulários para reclamação, mas que na realidade é um vírus do mesmo tipo descrito anteriormente.


Fraudes Diversas e Tecnológicas
Serviços "gratuitos" ou de "teste" com fatura a surpresa 

Alavancas: Ganância, Ingenuidade e Escassa Atenção 


Já recebi vária denúncias de casos deste tipo.
O esquema de case é muito simples. Os golpistas se apresentam a uma industria como uma empresa de serviços de algum tipo (manutenção de equipamentos, muitas vezes).

Eles dizem que para promover os próprios serviços e ganhar um novo cliente estão dispostos a fazer uns primeiros serviços de graça, a título de teste. Retiram os equipamentos (ou partes deles) a serem consertados ou manutenidos.

Depois, no primeiro dia feriado que aparecer (ou num domingo), eles se apresentam ao porteiro (ou guarda ou zelador) da industria ou empresa, dizendo que tem que entregar o tal equipamento consertado ... e pegam uma assinatura na nota de entrega, onde está especificado um valor pelo serviço.

Poucos dias depois chegará uma nota por um valor absurdamente alto por serviços de manutenção executados e se não pagar eles processarão e executarão você ... de posse da famosa nota de entrega assinada por seu porteiro ou zelador.

Aconselhamos também que seja lida a matéria no capítulo sobre "Os boletos de cobrança e as faturas falsas, infladas ou indevidas", que inclui alguns casos conceitualmente similares, sobretudo o exposto no último ponto do dito capítulo.


Fraudes Diversas e Tecnológicas
Golpes nos sites de vendas, anúncios e leilões virtuais 

Alavancas: Ingenuidade e Escassa Atenção, Ignorância Técnica 


Com o advento da internet surgiram vários sistemas de venda on-line, e sobretudo os famosos sites de leilões virtuais, onde pessoas querendo vender alguma coisa podem oferece-la a quem mais ofertar via internet. O precursor foi o famoso EBay nos EUA, depois apareceram os outros.
No Brasil também apareceram vários, Lokau, MercadoLivre, Arremate, iBazar etc ... com o tempo alguns sumiram e outros se uniram e consolidaram. O sistema e conceito são excelentes e ao passo com os tempos, eu pessoalmente confesso que sou usuário de um destes sistemas.
O problema é que, como era previsível, os golpistas também enxergaram "negócios" e oportunidades nestes sistemas e iniciaram a desenvolver fraudes mais ou menos elaboradas. Em seguida são resumidas algumas das mais freqüentes, pelo que diz respeito aos sites de leilões:

1) Conta falsa: Conta no sistema de leilão virtual, aberta com dados e documentos falsos, ofertando mercadorias muito atrativas (como tipo e preço), com o único intuito de receber o pagamento adiantado, em uma conta também aberta com documentos falsos, prometendo o envio da mercadoria em seguida e depois sumir. Por demorar um tempo antes que o comprador/vítima se preocupe e denuncie, os golpistas tem uma vantagem e podem aplicar o golpe várias vezes antes de desaparecer. Neste caso normalmente a qualificação do golpista vendedor (ou seja a nota e o histórico que ele tem), no sistema de leilão virtual, é nula pois as contas sempre são muito recentes.

2) Páginas adulteradas: Ofertas publicadas utilizando falhas dos sistemas de leilão virtual, que fazem com que as ofertas apareçam como verdadeiras e com vendedor tendo qualificações elevadas (novamente aproveitando falhas no sistema que permitem mostrar reproduções da página original do sistema de leilão). Na realidade redirecionam a outro sistema ou a outro endereço onde é aplicado o golpe solicitando o pagamento adiantado, como sempre.

3) Triangulação de pagamentos: Fraude onde o golpista aplica um esquema muito mais elaborado para ter potencialmente menos problemas (sobretudo não ter que passar por uma conta bancária falsa ou em nome de laranjas). Ao mesmo tempo o golpista faz o seguinte:
A) negocia a compra de alguma mercadoria cara com alguma vítima que a esteja oferecendo, e solicita o número da conta para fazer o pagamento adiantado;
B) oferece uma mercadoria inexistente para venda, outras vítimas respondem e ele pede para fazer o pagamento na conta que a primeira vítima forneceu;
C) assim que for feito o pagamento solicita a entrega da mercadoria por parte da primeira vítima (normalmente com entrega no metrô ou em algum outro lugar público, sem fornecer endereço);
D) quando as vítimas das vendas inexistentes denunciarem, a primeira vítima fica com o problema e pode acabar tendo que devolver o dinheiro e, portanto, perdendo sua mercadoria.

4) Pagamento com fundos desviados: Fenômeno em franco crescimento em função do aumento das fraudes digitais do tipo phishing. Neste caso, hackers que invadiram contas bancárias através do roubo de senhas por meio de trojans ou sites falsos(phishing), usam este acesso ao dinheiro de terceiros para efetuar depósitos em pagamento de mercadorias (mais difíceis de serem rastreadas do que uma transferência para alguma conta deles) de particulares ou pequenas empresas. O vendedor terá depois problemas com os bancos e autoridades, sofrendo bloqueios de contas e eventuais inquéritos.

O sistema de leilões virtuais, por ser em boa parte baseado em confiança mutua, está naturalmente exposto à ação dos golpistas que se aproveitam desta sua característica.

Se quiserem operar com leilões e compras/vendas virtuais, via internet, o meu conselho é que só aceitem transações com pagamento em dinheiro (se for vendedor) e na hora da entrega da mercadoria (se for comprador), melhor ainda se junto à lojas ou pelo menos com um endereço onde entregar/retirar (e não na rua).
Uma boa alternativa é o uso de um dos vários sistemas de "pagamento seguro" onde uma entidade terceira e respeitada cuida do recebimento do dinheiro, e da relativa confirmação e garantia para o vendedor que, porém, receberá o pagamento somente se não houver reclamação do comprador, ou seja se este receber a mercadoria corretamente. Desta forma ambas as partes são garantidas quanto ao recebimento do que lhe é devido (o dinheiro de um lado e a mercadoria do outro). Exemplos de sistemas deste tipo são o PagSeguro da UOL e o MercadoPago do MercadoLivre.

Outro aspecto fundamental é aprender a utilizar de forma apropriada todos os recursos que os próprios sistemas de leilões desenvolveram para proteger seus usuários.
Em particular vale a pena aprender a utilizar de forma apropriada os sistemas de qualificação dos vendedores, onde é aconselhável dar a preferência SEMPRE para vendedores antigos e com muitas qualificações predominantemente positivas.

Lojas virtuais e anúncios de vendas

Um caso um pouco diferente é o dos sites de vendas (e-commerce) ou de anúncios. Neste caso, muitas vezes, os golpistas simplesmente anunciam uma mercadoria aproveitando dados fictícios ou roubados, empresas laranjas ou fantasmas ou o bom nome de empresas verdadeiras (que porém nada tem a ver com o golpe e nem sabem do que está acontecendo), que é aproveitado trocando somente os telefones de contato.
Sinteticamente o golpe envolve uma suposta venda, contra pagamento do valor integral ou de um adiantamento (se o valor for elevado). A mercadoria proposta sempre tem preço e/ou condições bem atraentes e são apresentadas muitas facilidades. A localização (ou suposta tal) sempre é longe das vítimas, para dificultar averiguações profundas. Na realidade a mercadoria não existe e nunca será entregue sendo que o objetivo dos golpistas é receber o pagamento do valor ou adiantamento e desaparecer.
As empresas, ou supostas tais, que oferecem estas mercadorias na maioria dos casos não existem e não tem um endereço fixo (ou um telefone fixo) ... tentam conduzir toda a operação por e-mail ou por canal eletrônico (MSN, Skype...), de maneira que seja possível desaparecer sem deixar muitos rastros. Muitas vezes montam sites ou lojas de vendas virtuais, aparentemente sérios mas que serão tirados do ar assim que chegara hora de desaparecer.
Mercadorias freqüentemente propostas nestes golpes são todos os eletro-eletrônicos (desde informática e câmeras digitais até TV de plasma e sistemas de som), remédios (sobretudo os contra disfunções sexuais ou os não autorizados no Brasil) e carros e motos (famoso o golpe do “carro fantasma”).

O conselho, novamente, é limitar suas compras a lojas virtuais de empresas reconhecidamente sérias, possivelmente de porte, bem conhecidas e com um nome a zelar, com um endereço e telefone fixo para contato (que deverá ser verificado pra ver se funciona e se é mesmo daquela empresa) e desconfiar de propostas muito vantajosas e de empresas totalmente "virtuais".

É oportuno mencionar que a presença na página do conhecido "cadeado de segurança" (figuras abaixo) não garante de forma alguma a idoneidade do site nem da empresa que o administra, e menos ainda a segurança e confiabilidade da transação ou proposta comercial. O "cadeado" serve somente para garantir que as informações trocadas entre o servidor do site e o computador do usuário estejam protegida por criptografia (através de um certificado SSL) e portanto não sujeitas a interceptação.

 

Outra variante frequente diz respeito a anúncios para locação de casas e apartamentos, sobretudo para ferias mas também no exterior (para ferias ou para migrantes). Neste caso o golpe reside no sinal, entrada ou adiantamento ou outro tipo de cobrança prévia. O que é enviado são sempre fotos de apartamentos bonitos e com condições de locação atraentes. Nunca ha problemas de disponibilidades, mesmo em alta temporada.

Vale ainda mencionar a existência de variantes deste golpe aplicadas por estelionatários no exterior (sobretudo africanos, às vezes residentes na Europa ou nos EUA), em sites de anúncios brasileiros ou internacionais. Neste caso, normalmente, pedirão a remessa dos valores para “sinal ou entrada” através do famoso Western Union ou de sistemas similares.

Existem também casos nos quais a vítima é o vendedor, sobretudo quando o suposto comprador adota sistemas como o descrito no ponto 4) da seção acima (sobre sites de leilões). Neste caso o conselho é sempre esperar alguns dias para ver se não há problemas ou bloqueios com o depósito recebido.




Fraudes Diversas e Tecnológicas
As variantes "Africanas" de golpes populares modernos 

Alavancas: Ganância, Ingenuidade e Escassa Atenção, Ignorância Operacional 


Em função da migração de muitos de seus amigos e parentes para o exterior, inclusive para o Brasil, e da internacionalização e globalização trazidas pela internet, os golpistas africanos, sobretudo da Nigéria, estão recebendo dicas sobre golpes “nacionais” em vários países, e estão aproveitando estas idéias para aplicar variantes “Africanas” dos mesmos golpes.
Pelo que diz respeito ao Brasil, desde 2006 iniciei a receber denúncias neste sentido, sobretudo em relação a falsas ofertas ou oportunidades de emprego na África e em outras regiões, mas sempre supostamente por conta de empresas africanas, e a falsas compras/vendas por internet em sites de leilões ou comércio eletrônico. Mais recentemente, a partir da segunda metade de 2008, iniciaram a aparecer golpes com financiamentos internacionais "fáceis" (sem muitas exigências, com taxas atraentes etc...), oferecidos sobretudo através de e-mails e sites e que, na realidade, são variantes do golpe da Nigéria.

Falso Emprego
No caso dos falsos empregos, o esquema clássico inicia com um e-mail informando que foi feita uma indicação, ou foi recebido um currículo e que, em conseqüência de uma seleção já praticamente concluída (às vezes eles pedem pra fazer um teste on-line ou preencher um questionário ou algo parecido, pra depois informar que a seleção foi concluída e a vaga é sua), está sendo oferecido um posto de alto nível com salário bem atraente para ir trabalhar numa empresa africana (muitas vezes o trabalho é mesmo na África).
Muito comuns são falsas ofertas de vagas, sempre em nível de manager, na NITEL (empresa de telecomunicações), na NNPC (empresa petrolífera) e na UBN (Union Bank of Nigéria).
Para completar o processo é necessário porém resolver alguns problemas para os quais existem custos que, na realidade, são a verdadeira razão final do golpe. Podem ser problemas de visto de trabalho, ou questões de autorizações médicas, certificações criminais e anti-terrorismo ou questões relativas a fazenda/alfândega/receita etc...
Sempre, para resolver, é necessário enviar algum dinheiro para alguém com alguma desculpa, normalmente via Western Union. Obviamente não existe nenhum emprego.

Compras e Vendas via internet
No caso das falsas compras e vendas nos sites, anúncios ou leilões virtuais, o conceito é parecido.
Se for uma falsa venda, simplesmente pedirão para fazer a remessa do preço da mercadoria desejada em nome de alguém, provavelmente com um nome estrangeiro, via Wester Union, e depois não chegará nenhuma mercadoria.
Se for uma falsa compra inventarão que já enviaram o dinheiro, mas por alguma razão tem que ser enviada a mercadoria para que o dinheiro seja liberado. Isso em função de supostas regras monetárias, regras alfandegárias, regras financeiras etc... Para sustentar suas teses enviarão também comprovantes (falsos) de remessas e a vítima até receberá confirmações (sempre falsas) de supostos bancos informando que o dinheiro já está disponível e poderá ser liberado somente contra apresentação do comprovante de envio da mercadoria. Uma vez enviada a mercadoria, obviamente, não chegará nenhum pagamento.
Existe ainda uma variante onde inventarão que existem procedimentos de segurança dos bancos ou exigências legais que sujeitam a liberação da remessa supostamente já feita ao pagamento de uma caução ou taxa ou imposto etc... que, neste caso, é o verdadeiro objetivo do golpe.

O falso financiamento internacional
O golpe do falso financiamento internacional é bastante simples. A vítima recebe um e-mail ou visita um site onde é oferecida a possibilidade de ter acesso a um financiamento internacional (supostamente vindo de um banco, financeira ou outra entidade) em Dólares ou Euros, sem muitas formalidades e com taxas de juros atraentes (em alguns casos até “sem juros”).
Depois dos primeiros contatos a vítima recebe contratos e outros documentos para assinar, recebe um documento de “confirmação” com aparência oficial e a partir daí inicia a receber solicitações para realizar pequenos pagamentos (em proporção ao financiamento solicitado), supostamente necessários para a liberação ou a transferência do dinheiro do financiamento, com as desculpas mais variadas (taxas de transferência, impostos, seguros, custas bancárias ou de registro etc...).
Se a vítima realizar o primeiro pagamento que for solicitado (muitas vezes via Wester Union / Money Gram, em pleno estilo “Nigéria”) irão aparecer outras solicitações por outras “razões” até esgotar a capacidade de pagamento. Depois disso os golpistas simplesmente desaparecem. Nem precisa dizer que na realidade não existe financiamento algum.

Vejam no site, os capítulos relativos as versões nacionais destes golpes, as modalidades normalmente usadas, e as confronte com as situações "Africanas" que possivelmente esteja analisando ou vivenciando.

A seguir alguns exemplos de e-mails e falsos documentos recebidos por vítimas brasileiras em relação aos golpes acima mencionados.

Nesta série de documentos podem ver-se todas as etapas de uma típica versão africana do "golpe do falso emprego", onde o objetivo real era convencer a vítima a enviar inicialmente 1.750 USD (depois viriam mais pedidos de dinheiro com novas desculpas) para conseguir o visto de trabalho e assim poder assumir a vaga de Vice-Diretor Geral de uma companhia telefônica da Nigéria, ganhando mais de 25.000 USD por mês !!

















Este, a seguir, é um falso comunicado enviado a um Brasileiro supostamente por um banco internacional confirmando e "garantindo" a disponibilidade e efetivação de um pagamento e convidando de forma incisiva a vítima a enviar imediatamente (pra Nigéria) as mercadorias compradas pelo "cliente do banco" através de um site de leilões virtuais. Este banco não existe e obviamente se tratava de golpe.



Por fim, a seguir, os documentos que um falso comprador africano enviou a uma vítima portuguesa para comprovar uma suposta remessa internacional em pagamento de uma mercadoria que teria comprado através de um anúncio. Neste caso o golpista solicitava, para liberação da remessa, o envio via "Western Union" de um "caução" de mais de 1000 Euros, supostamente para garantir o sucessivo cumprimento do acordo (ou seja o envio da mercadoria).



Fraudes Diversas e Tecnológicas
Os vários esquemas a "Pirâmide" e as oportunidades via Internet 

Alavancas: Ganância, Gostinho do "Exclusivo", Irracionalidade, Ingenuidade e Escassa Atenção, Ignorância Operacional e Técnica 


A definição de esquemas a "Pirâmide" ou de "Ponzi" ou de "São Antônio" abrange uma ampla série de esquemas e fraudes diferentes que tentarei resumir mais pra frente.

Definição e descrição dos esquemas piramidais

Primeiramente acho importante dar uma definição genérica do conceito de esquema a pirâmide.
Com este termo quero definir todos os sistemas, fraudulentos ou não, usados para coletar dinheiro ou benefícios através um fluxo supostamente "sem fim" de novos participantes ou "recrutas".
A função de cada novo participante é sinteticamente:
a) dar dinheiro para os golpistas/recrutadores, e...
b) cooptar novos participantes que paguem para o esquema.
O nome do esquema deriva da forma da pirâmide que é um triângulo tridimensional, ou seja um sólido com a ponta fina e a base grande.
Se o esquema prever que cada pessoa encontre 10 novos participantes e a pirâmide começar com uma pessoa no topo, teremos 10 pessoas debaixo dela e 100 debaixo deles e 1000 debaixo deles etc ... a pirâmide terá mais da inteira população da terra depois de 10 andares (ou níveis), com um único golpista no topo. Veja o gráfico abaixo:

1
10
100
1.000
10.000
100.000
1.000.000
10.000.000
100.000.000
1.000.000.000
10.000.000.000


Os esquemas a pirâmide funcionam porque as pessoas são gananciosas e a ganância tem efeitos inacreditáveis sobre a racionalidade e a capacidade de pensar do ser humano.
Para uma pessoa que deseja fazer muito dinheiro com um pequeno investimento e em pouco tempo, o pensamento "esperançoso" toma conta onde a crítica objetiva deveria entrar. As esperanças viram fatos. Os céticos viram idiotas que não entendem nada. Os desejos e esperanças viram realidade. Fazer perguntas esclarecedoras parece pouco educado e amigável.
Os golpistas sabem como a ganância funciona e tudo o que precisam é um primeiro fraudador para que as coisas comecem.
No Brasil, diferentemente de outros países, os esquemas piramidais não tipificam automaticamente um crime por não existir uma lei específica. Em alguns casos, porém, dependendo de vários fatores, esquemas piramidais podem tipificar um crime contra a economia popular (Lei 1521/51).

Pirâmides modernas e disfarçadas

Com o advento da internet novos tipos de esquemas apareceram e esquemas antigos se modernizaram.
Uma das chaves usadas hoje por muitas destas fraudes é a lenda que na internet se pode tudo. Aparecem diariamente propostas de negócios do tipo "monte um site e vire milionário" ... ou "mande milhões de e-mails e venda de tudo faturando milhões". Isso tudo se baseia em pressupostos falsos mas aparentemente "sólidos", exatamente como os tradicionais esquemas a pirâmide usavam argumentos aparentemente sólidos (até matemáticos !) mas efetivamente falsos.

Em tempos mais recentes os esquemas a pirâmide, freqüentemente, são disfarçados como sistemas de "Marketing Multi Nível" (MMN) ou "Marketing de Rede". Em alguns casos até utilizam, para sua difusão, alguns dos conceitos e métodos (oportunamente desvirtuados, de forma sutil) deste sistema de marketing, mas sempre mantendo de forma mais ou menos disfarçada as características de "pirâmide" acima indicadas. Nestes casos o "produto" vendido pelo sistema de MMN raramente tem um valor próximo de seu preço real e mais raramente ainda é o verdadeiro e principal foco do negócio e da suposta renda gerada pelo "sistema". Veja no site o capítulo sobre Marketing Multi Nível (ou Multi Level Marketing - MLM).

Um caso emblemático que vale a pena mencionar foi o que aconteceu na Albânia entre 1996 e 1997. Neste período naquele país, que estava tentando sair de anos de crises econômicas, e onde a população ansiava por crescimento e riqueza, surgiram uma série de "fundos de investimento" que funcionavam de forma piramidal com esquemas bem parecidos com o "de Ponzi" (veja em seguida).
Aproximadamente um sexto da população do país aderiu a estes esquemas, na esperança irracional que pudessem ser verdadeiros, até que tudo desabou (em questão de um ano aproximadamente).
Todo mundo perdeu seu dinheiro e o país inteiro literalmente quebrou, mergulhando numa crise econômica, política e social extremamente grave.

Diferenças entre os esquemas piramidais clássicos e as variantes “Ponzi”

Apesar de ambos terem uma estrutura conceitualmente piramidal, existem relevantes diferenças entre a categoria dos esquemas piramidais clássicos e a das variantes de tipo “Ponzi”.

1) Nos esquemas Ponzi os criadores da fraude costumam manter contato direto com todos os envolvidos. Mesmo usando os participantes como meio de propaganda e venda, são eles que acompanham a inclusão final de cada novo participante e desenvolvem as estratégias de crescimento. Já nos esquemas piramidais clássicos, normalmente, existe uma estratificação dos contatos onde os participantes de cada nível mantém contato somente com os participantes dos níveis imediatamente acima e abaixo.

2) Nos esquemas de tipo Ponzi os criadores afirmam que o lucro vem supostamente de investimentos bem sucedidos ou mais em geral da bondade do próprio negócio, sem que haja relacionamento declarado com a inclusão de novos participantes. Já nos esquemas piramidais clássicos se afirma mais ou menos abertamente que tudo ou parte do lucro vem (na forma de comissões ou outras) do capital, recursos ou taxas aportados pelos novos participantes.

3) Os esquemas de tipo Ponzi tem a capacidade potencial de se sustentar por mais tempo através de mecanismos de persuasão dos participantes a “reinvestir” o próprio capital ou até aumentar suas participações. Estes sistemas muitas vezes conseguem se sustentar sem necessidade de manter um grande crescimento em número de participantes. Já os sistemas piramidais clássicos tendem a ficar insustentáveis e se esgotar num período de tempo relativamente curto, devido a sua dependência de altas e constantes taxas de crescimento para continuarem ativos.

4) Nos esquemas de tipo Ponzi os criadores mantém o controle direto sobre todos os recursos obtidos pelos participantes, redistribuindo parte deles, a sua discrição, na forma de lucros. Nos esquemas piramidais clássicos cada participante se beneficia diretamente (na forma de comissões ou outras) dos recursos obtidos por aqueles que recrutou.

Exemplos de esquemas piramidais clássicos

Existem muitos tipos de fraudes baseadas na idéia de pirâmide. Aqui vou simplesmente listar algumas grandes famílias de fraudes deste tipo, deixando claro que esta lista não é exaustiva.

1) esquemas de investimento do tipo "fique rico depressa" ou "ganhe mais que o mercado, sem riscos". Este tipo de esquema, muitas vezes no formato "Ponzi", literalmente quebrou as economias de vários países da Europa do Leste nos últimos anos. Um caso pra todos é o da Albânia descrito acima. O esquema, em síntese, baseia-se na promessa do pagamento de altos juros (até 50% ao mês) e em um esquema de cooptação de novos "investidores" por parte dos existentes. Na realidade o fluxo de novos investidores é necessário para pagar os juros prometidos aos investidores anteriores e, em algum momento, quando este fluxo de novos investidores não for mais suficiente, o sistema todo desmorona e todos perdem tudo. Outro caso parecido, mas de menor impacto, aconteceu na Rússia. Quase sempre os proponentes alegam se tratar de oportunidades legais, às vezes até suportadas por entidades oficiais (UE, FMI, FED, ONU, Banco Mundial...).
Outros casos famosos do mesmo tipo se deram na Colombia e nas Filippinas. O mais recente e gigantesco esquema do tipo Ponzi foi o criado nos EUA por Bernard Madoff e descoberto em 2008 depois de décadas de funcionamento.

2) esquemas de novas oportunidades, negócios e atividades ou trabalhos "com lucros elevados e rápidos". Muito na moda são as "lojas virtuais na internet" e os sistemas de "VOIP", mas tem muitos outros. São apresentados como "sistema", "software", "método", "trabalho", "kit", "oportunidade", "plano" etc... Nestes esquemas, que com o advento da internet e dos e-mails, pipocaram no mundo todo, os golpistas propõem um suposto novo negócio cujas características são essencialmente:
a) lucros elevados e rápidos
b) uma "pequena" taxa ou custo de entrada a ser paga por alguma razão
c) a necessidade, para se ganhar dinheiro, de arrumar novos adeptos para o negócio.
O objetivo é obviamente e sobretudo pegar quanto mais dinheiro possível através das taxas/custos de associação (ou de kit ou outro "material" de trabalho) de sempre mais gente. Não tenha a menor esperança que o negócio possa dar lucro realmente... no máximo poderá ajudar outras pessoas a serem fraudadas em troca dos trocados. As frases típicas: "fique rico em pouco tempo trabalhando nas horas livres sem sair da sua casa ... novo sistema inédito ... o segredo pra ficar rico ... sua independência financeira ao alcance... seja o seu próprio patrão... etc...".

3) correntes de cartas. Em vários países isso já é ilegal... na prática a promessa é sempre a mesma, muito dinheiro com pouco esforço e investimento. O esquema típico é uma carta (ou e-mail) com uma lista de dez pessoas (com nome e endereço e tudo). Para participar, você deve enviar alguma coisa (normalmente pequenas quantias de dinheiro) pro primeiro nome da lista. Depois tira o nome dele e acrescenta o seu no fim da lista. Depois faz 10 cópias da mesma carta com a nova lista (onde o antigo segundo colocado virou primeiro e você aparece como último) e as envia para 10 pessoas diferentes. Se você puder enviar para mais pessoas ainda melhor. A promessa é que quando você virar o primeiro da lista irá receber (ou terá recebido) uma fortuna... enviada por um monte de gente.
Em algumas outras versões, você deve enviar a pequena quantia de dinheiro para todos os nomes da lista, antes de retirar o nome do primeiro e colocar o seu nome como último.
Já existem versões digitais deste "golpe", com todo o sistema, o acompanhamento, os pagamentos e as listas administrados através de sites na internet.

A razão pela qual as pessoas acreditam que este sistema possa funcionar é porque a mente humana não tem uma visão intuitiva da progressão geométrica. No caso do exemplo acima, imaginando que a corrente inicie com você (e mais nove amigos pra por na lista) e que todos façam o que se pede na carta, quando você chegar na posição numero um da lista a carta já terá sido enviada a 10 bilhões de pessoas ou seja mais que a população inteira da terra, estimada em menos de 6,5 bilhões (incluindo nenezinhos, velhinhos e miseráveis desnutridos africanos e do mundo todo - que obviamente deixarão de comer para poder enviar as cartas da corrente e o dinheirinho para os listados). Veja você se isso é possível !!

4) e-mail de grande difusão contendo informações, alertas ou pedidos de ajuda de vário tipo. São raros os casos nos quais o pedido é verdadeiro. Não acreditem em particular nos e-mails dizendo que graças a algum tipo de acordo com alguma multinacional alguém (tipicamente um pequeno paciente com câncer) irá receber dinheiro, necessário para alguma finalidade importante, por cada e-mail que for enviado ou re-transmitido ou algo assim.
Em outras versões se sugere que alguma grande companhia (Microsoft, AOL, Google...) estaria fazendo promoções ou testes de popularidade e pagaria um determinado valor para cada cópia repassada/encaminhada do tal e-mail.
Isso tudo simplesmente não existe nem é possível tecnicamente. Menores ainda são os casos nos quais os boatos ou informações difundidas através deste tipo de e-mails sejam fundamentadas ... neste caso a fraude não é financeira mas de desinformação.

Regras e medidas preventivas

As regras básicas para fugir deste tipo de fraudes são as seguintes:

1) Evite qualquer tipo de plano que ofereça comissões ou qualquer tipo de benefício em troca do recrutamento de novas pessoas.
2) Atenção a planos onde você ganha dinheiro para trazer novas pessoas em vez que para vender alguma coisa por sua conta.
3) Tome cuidado com planos que pedem para você pagar taxas de entrada ou custos de material de trabalho ou amostras "obrigatórias" ou coisas parecidas.
4) Tome cuidado redobrado em caso de propostas envolvendo lucros elevados ou produtos/idéias/serviços "milagrosos" e "inéditos".
5) Verifique até o fim todas as referências fornecidas em relação às propostas ... muitas vezes trata-se simplesmente de "papo furado" para os ingênuos acreditarem.
6) Nunca assine documentos ou pague qualquer coisa em condição de pressão ou para não magoar "amigos" que estão lhe apresentado uma "oportunidade".
7) Verifique cada proposta buscando informações junto às autoridades competentes, na internet e nos sites de "due diligence" como o Better Business Bureau dos EUA.

Origens históricas do esquema geral e de algumas denominações

Um breve aceno histórico sobre a origem deste tipo de esquema e dos nomes alternativos de "Ponzi" e "São Antonio" para os esquemas a pirâmide.

Algumas fontes históricas indicam como primeira “inventora” de um golpe piramidal, na década de 1870, uma mulher espanhola chamada Baldomera Larra Wetoret. Esta senhora, abandonada pelo marido em condições precárias, para sobreviver iniciou a tomar empréstimos em ouro prometendo duplicar o valor emprestado no prazo de um mês.
Como ela conseguiu cumprir o prometido nos primeiros empréstimos, criou uma grande fama em Madrid e iniciou a receber mais “clientes” chegando a criar uma “Caixa de Depósitos” onde havia filas diárias de pessoas querendo aplicar o próprio dinheiro com a promessa de um retorno de 30% ao mês (já tinha baixado e não mais dobrava os valores emprestados). Segundo relatos o esquema, antes de ruir, chegou a envolver mais de 5.000 pessoas num valor milionário pra época.

Charles Ponzi, um italiano que emigrou nos EUA em 1903, lançou em novembro de 1919 um esquema de venda de notas promissórias garantindo um juro de 40% no prazo de 90 dias (em uma segunda fase chegou a prometer juros de 50% a cada 45 dias). Em vez de investir o dinheiro que recebia o Sr. Ponzi usava parte do dinheiro de cada novo investidor para pagar os juros prometidos aos investidores mais antigos, ficando ele com o restante.
Ponzi, muito hábil, declarava que o funcionamento do negócio era sigiloso por “razões competitivas”, mas fazia circular a informação extra oficial que tinha a ver com negociação internacional de valores (sobretudo coupons-resposta postais). Os investidores de Ponzi não sabiam direito como a coisa funcionava, sabiam porém que algumas pessoas estavam aparentemente ficando ricas com isso. Obviamente todos queriam ganhar o mesmo e portanto pediam para entrar no sistema. Ponzi chegou a faturar quase 10 milhões de USD, pagando de volta na forma de juros pouco menos de 8 milhões.
Quanto, cerca de 7-8 meses mais tarde, o número de novos investidores cresceu demais (chegando a cerca de 20.000, entre os quais muitas pessoas influentes), as autoridades iniciaram a investigar e ficou praticamente impossível continuar. O sistema começou a ruir, também por falta de novas adesões em número suficiente para manter o esquema funcionando. Logo depois aconteceu o colapso com a intervenção das autoridades e a criação do termo "Esquema de Ponzi". Ponzi foi condenado a 5 anos de cadeia.
Anos mais tarde tentou um novo esquema parecido na Flórida (envolvendo loteamentos de pântanos apresentados como terrenos comerciais) e foi condenado de novo. Terminou seus dias em 1949, num hospital para indigentes no Rio de Janeiro, para onde tinha se mudado.

No início dos anos cinqüenta na Itália começou a difusão de uma carta que iniciava assim "Reze três Ave Maria para São Antonio ...", em seguida eram listadas todas as graças e coisas boas que iriam acontecer para quem seguisse as instruções da carta e todas as desgraças para quem não o fizesse. Entre as instruções tinha a de fazer 10 cópias (na época era a mão ou com máquina de escrever) da carta e envia-la (pelo correio, pagando o selo) para outras 10 pessoas queridas. Isso continuou durante anos na Itália e ganhou o nome de "corrente de São Antônio".


Fraudes Diversas e "Tecnológicas"
O resgate de antigos fundos de pensão ou seguros 

Alavancas: Ganância, Ingenuidade e Escassa Atenção, Ignorância Técnica 


Este golpe, já um clássico brasileiro do tipo “advance fee”, iniciou a aparecer no meio da década de 1990, mas ganhou intensidade por volta de 2004 e desde então continuo recebendo denúncias vindo do Brasil inteiro.

Em síntese o esquema funciona assim. A vítima recebe uma correspondência supostamente vindo de um tribunal ou de uma empresa de advocacia, ou às vezes um telefonema, informando que a pessoa tem direito a receber, de um antigo fundo de pensão ou de uma seguradora, uma determinada quantia (normalmente algo entre 20 e 50 mil R$). Quando a informação chegar por correspondência, sempre é solicitado um contato por telefone com uma suposta advocacia, associação ou empresa.

Os fundos, entidades, seguradoras e associações envolvidos com maior freqüência são o Montepio Militar, Mongeral, Capemi, Gboex, Capelbras, Soaex, IPC e Anapp. Em alguns casos se trata de entidades em liquidação ou falidas, em outros ainda de empresas ou associações perfeitamente ativas e regulares. Em todos os casos as entidades/empresas nada tem a ver com este golpe.

As justificações fornecidas para o suposto direito a receber tal quantia são variadas, em alguns casos se trataria de ações coletivas ganhas na justiça, em outros do resultado de uma liquidação de falência ou em outros ainda da transferência dos créditos previdenciários para outra entidade que os liquidaria etc...

Em todos os casos, depois do contato, é informado que para receber o valor do saldo ou do resgate é necessário antes depositar um determinado valor a título de custas de justiça, honorários de advocacia, integração de contribuições previdenciárias (para atingir determinados períodos mínimos de depósitos), quotas de participação em associações de categoria que cuidaram da suposta ação coletiva etc... este valor adiantado varia, normalmente, entre 1.500 e 4.000 R$. Em alguns casos os golpistas, para convencer a vítima, oferecem a possibilidade de fazer o pagamento em duas etapas, com o saldo somente depois do depósito do resgate. Neste caso o que será depositado na conta da vítima é um cheque falso ou roubado, ou ainda uma série de envelopes vazios em caixa automático. Tudo com o objetivo de deixar a vítima acreditar que recebeu o valor do resgate prometido e assim fazer ele pagar a segunda metade.

Existem numerosas variantes deste golpe, em certos casos a ligação vem de um suposto funcionário corrupto de uma das entidades acima mencionadas que se oferece para agilizar o pagamento de um determinado saldo disponível em troca do pagamento adiantado de 10% do valor ...
Em todos os casos se trata de golpe.


Fraudes Diversas e "Tecnológicas"
Golpe da venda de produtos apreendidos 

Alavancas: Ganância, Ingenuidade, Ignorância Técnica 


O golpe inicia com um contato que normalmente vem através de conhecidos que apresentam a oportunidade (veja na introdução do site sobre o conceito deterceirização de credibilidade) ou através de contato direto dos golpistas com empresas potencialmente interessadas em determinada mercadoria.

A história contada é que houve apreensão, por parte de autoridades (Receita, Polícia, Prefeituras...), de uma grande quantidade de mercadoria (commodities, bens de consumo, equipamentos, eletrônicos, veículos, imóveis etc...). Em alternativa a história conta que existem bens a serem leiloados por grandes grupos empresariais. A apreensão ou os bens a serem leiloados são conseqüência de problemas na alfândega, tributos, infrações, falências, hipotecas, falta de pagamento de financiamentos etc...

As pessoas dizem ter uma oportunidade privilegiada, em função de próprio cargo e posição, amizade ou conúbio com o leiloeiro ou com autoridades ou outro “esquema” interno, para adquirir tais bens por uma fração do valor real. Em alguns casos eles alegam que a compra por valor menor é conseqüência de alguma preferência que eles tem, em outros que é somente “conhecer os caminhos” ou que alguém iria fazer algo para baixar o preço, ou ainda que a compra será feita através de títulos públicos ou créditos podres e depois repassada com um desconto. A proposta é viabilizar esta venda para a vítima em troca de uma comissão ou outra vantagem para os vendedores.

Eles mostram documentos de todos os tipos, contratos, autos, bandos, perícias, descrição dos bens etc ... em alguns casos chegam a mostrar até fotografias e, em casos mais raros, podem levar a vítima a ver alguma mercadoria alegando que se trataria da “tal”.

Uma vez “comprovado” tudo e assinados acordos e contratos, chega a hora de realizar o pagamento para conseguir viabilizar toda a operação e receber a mercadoria. O valor, em muitas casos, é vultoso por se tratar de bens valiosos ou quantidades relevantes de mercadoria. Eles, normalmente, aceitam pagamentos de todos os tipos ... em dinheiro, TED, cheque ... o importante para eles é receber o pagamento.

Uma vez recebido o pagamento eles desaparecem e nunca mais se ouve falar do assunto e nem da tal mercadoria, que muito provavelmente não existe e se existir, é sujeita a uma situação e, eventualmente, a regras de leilão totalmente diferentes das apresentadas.

Existem versões menores e mais "populares" deste mesmo golpe envlvendo, almém dos casos acima, supostas mercadorias desviadas de containers ou abandonadas no porto etc... o procedimento pra comprar aqui é mais simples, se trata de pagar adiantado (supostamente pra comprar fiscais e outros funcionários) para receber logo em seguida a mercadoria num preço bem abaixo do normal. Obviamente, uma vez adiantado o dinheiro, os golpistas somem.

Fraudes Diversas e "Tecnológicas"
Golpes com compra/venda de veículos 

Alavancas: Ganância, Ingenuidade 


Existem numerosos golpes envolvendo de alguma maneira compras e vendas de veículos (carros, motos, caminhões etc...). Normalmente este golpes causam prejuízos relevantes e por isso é importante divulgar a informação preventiva para evitar, pelo menos, os casos mais comuns.

Veículo Fantasma

O esquema é bastante simples, mesmo existindo um certo número de variantes. Os golpistas anunciam veículos com preços e condições muito atrativas pela internet, em jornais (classificados) ou até em canais de rádio e TV (locais ou a cabo). Nas condições quase sempre é prevista uma entrada de 10% a 20% do valor do veículo e prestações pequenas, a perder de vista, com juros baixos ou inexistentes.
Quando a vítima entra em contato, informam que o veículo se encontra numa localidade bastante remota (se o comprador for de São Paulo o veículo estará na Bahia, e vice-versa), mas que pode ser entregue em qualquer parte do Brasil sem custos. Oferecem numerosas fotografias do veículo e, se o comprador insistir dizem que, sem problemas, poderá viajar para o lugar onde o mesmo se encontra, para ver ou vistoriar ele.
De qualquer maneira, após os primeiros contatos e após ter enviado fotos e detalhes, independente da vítima ter optado ou não por viajar para ver o veículo, os golpistas informarão que receberam uma oferta de outro interessado e estão preste a fechar a venda daquele veículo a menos que alguém outro faça imediatamente um depósito (normalmente o valor da entrada) para bloquear a oferta e assegurar preferência no negócio.
Para não perder a oportunidade a vítima acaba fazendo o depósito solicitado, sempre numa conta corrente de pessoa física. Logo após realizar o depósito os golpistas param de atender o telefone e normalmente desaparecem. A vítima nunca receberá o veículo, que normalmente nem existia.

Veículo de Funcionário de Montadora

O golpista, freqüentemente através de anúncios, mas também por indicação direta de conhecidos (ver matéria sobre terceirização de credibilidade), declara ser funcionário de uma montadora (ou ter contato com algum funcionário de uma montadora) e ter, por isso, a possibilidade de comprar veículos diretamente na fábrica com “desconto para funcionários”.
O teatro envolve às vezes visitas a fábrica, onde aparece realmente alguém, se passando por funcionário, saindo da mesma ou esperando em frente ou na entrada ... e sempre confirmando integralmente a tal oportunidade.
Mostra documentos (falsos) comprovando quanto afirma, tabelas de preços e modalidades de compra e diz que, em função do desconto, o pagamento para a fábrica deve ser adiantado e deve sair da conta do funcionário. Em alguns casos diz que existe a possibilidade de receber o carro através do pagamento de um sinal (sempre consistente) e o resto será parcelado sem juros. O objetivo é sempre convencer a vítima a realizar um pagamento adiantado (o valor do carro ou do sinal) para que seja efetivada a operação.
Na realidade não existe funcionário algum, nem carros com desconto e, uma vez realizado o pagamento, os golpistas, como sempre, desaparecem sem deixar rastros.

Veículo Apreendido

Nesta modalidade os golpistas apresentam a possibilidade de adquirir abaixo do preço de mercado motos ou carros apreendidos por autoridades ou que irão a leilão por alguma razão (falências, financiamentos cancelados, excesso de multas...). Leia a matéria sobre fraudes com bens apreendidos para maiores detalhes.

Veículo em Consórcio Contemplado

Os golpistas declaram ter a possibilidade de vender um consórcio contemplado para um determinado veículo, ou seja um veículo com financiamento em condições muito vantajosas. Para tanto é sempre necessário realizar um pagamento adiantado para adquirir o consórcio. Leia a matéria sobre golpes com consórcios contemplados para maiores detalhes.

Veículo em Consignação

Este golpe é normalmente conduzido por lojas, revendas ou concessionárias de veículos. O primeiro contato acontece muitas vezes como conseqüência de um anúncio de venda do veículo, ao qual responde um representante de uma loja alegando ter clientes interessados na compra. Em seguida a loja convence o proprietário de um veículo a deixar o mesmo em consignação para venda, alegando que com o veículo consignado na loja a venda será mais rápida e por valor maior.
A partir deste momento alguns golpes diferentes podem ser praticados.
1) A loja encontra interessados em comprar o veículo, pega a documentação deles e dá entrada em financiamentos (deixando o veículo como garantia). Depois diz aos interessados que o credito não foi aprovado e embolsa o dinheiro, deixando um vinculo no veículo.
2) O veículo é vendido sem a documentação, ou seja ficando em nome do proprietário original que o deixou consignado, e a loja fica com o valor da venda.
3) O veículo desaparece da loja, sendo que foi vendido com documentação falsa ou através de procuração falsa ou com outros meios fraudulentos. Em alguns casos o veículo é até vendido para desmanches clandestinos. Nestes casos também a loja fica com o valor integral da venda.

Veículo Barato

Este esquema é bastante elaborado, e lastreado em outros golpes. Os golpistas anunciam veículos novos ou seminovos por um valor muito abaixo do valor de mercado (menos da metade do valor normal, às vezes até um quarto). A razão deste preço está no fato que o veículo foi comprado, normalmente em outro estado, com um financiamento bancário dividido em parcelas que nunca vão ser pagas.
Por dinheiro, algum “laranja” emprestou o nome para fazer o financiamento e, às vezes, existe até o envolvimento de funcionários de concessionárias. Em alternativa o financiamento foi feito através de documentos clonados ou falsificados, neste caso configurando estelionato. Como o financiamento não vai ser pago e tudo o que for conseguido na venda é lucro, o carro pode ser “revendido” por qualquer preço.
O único problema é que o veículo não pode ser legalmente transferido, pois, normalmente, existe vínculo em favor da financeira ou banco. Para esta problema os vendedores arrumar as desculpas mais variadas, em alguns casos até contam uma meia verdade, ou seja que se trata de um financiamento e até o fim do mesmo o veículo deve ficar no nome de quem fez o financiamento. Fora isso é entregue a documentação completa do veículo o qual pode circular tranqüilamente.
O ponto de força dos golpistas está no fato que até as financeiras cumprirem todos os procedimentos legais de cobrança, abrirem um inquérito policial (quando for o caso de documentos falsificados) ou entrarem na justiça, e até sair o mandado de busca e apreensão e o veículo ser localizado, leva muito tempo. Em média dois anos, ou até mais.
Existem golpistas que até oferecem a troca do veículo por um novo após este período, para evitar que o “cliente” corra o risco de passar por uma apreensão.
Participando deste esquema o “comprador” na realidade não está comprando o veículo (que nunca será dele) mas sim participando das ações de uma quadrilha, o que pode acarretar sérios problemas, bem além da simples apreensão do veículo.



Fraudes Diversas e "Tecnológicas"
Fraudes em programas de milhagem de companhias aéreas 

Alavancas: Ignorância Técnica e Operacional, Escassa Atençaõ, Ganância 


Nos últimos tempos foi registrada uma firme tendência ao aumento de fraudes envolvendo programas de milhagem de companhias aéreas. A própria conversão de milhas em passagens está sujeita a um forte crescimento.

O golpe essencialmente envolve o desvio e aproveitamento de saldos em milhas ou pontos nestes programas, para emissão de passagens em favor de terceiros que nada tem a ver com os verdadeiros titulares.
Existem diversas modalidades para isso acontecer sendo as principais:

  1. ações de hackers, utilizando sobretudo esquemas parecidos com o phishing comum no setor bancário (criação de falsas páginas das companhias aéreas ou envio de e-mails com vírus).
  2. aproveitamento de brechas nos sistemas e processos e de outras informações por parte de funcionários das próprias companhias aéreas ou das prestadoras de serviços que administram os programas.
  3. aproveitamento de informações por parte de agentes de viagens e/ou funcionários infiéis dos clientes.
  4. esquemas fraudulentos (mesmo que aparentemente legais) de compra/venda de milhas.
Além da clássica emissão de passagens para desconhecidos, já foram registrados casos de alteração de dados cadastrais sem consentimentos nem solicitação.

Existem, efetivamente, procedimentos de segurança nos sistemas informáticos que administram os programas de milhagem. Apesar de ainda estarem longe do nível de segurança oferecido pelos sistemas bancários, estes sistemas são razoavelmente seguros quando utilizados de forma apropriada e com cuidados.
Um dos problemas, porem, é que muitas vezes os usuários não estão atentos ou preparados para tomarem tais cuidados e com isso, também por falta de maiores processos de segurança, acabam enfraquecendo toda a estrutura.

É regra geral fundada no Código do Consumidor que, se a empresa estabelece relação com o consumidor por meio da web, tem de oferecer um sistema seguro e é responsável por isso. Os riscos que advêm do uso da internet fazem parte do risco da atividade e estão a cargo da empresa.
É cabível inclusive a inversão do ônus da prova, de forma a transferir à companhia aérea o dever de demonstrar que foi o consumidor quem realizou o resgate das milhas eventualmente objeto de fraude.

Algumas dicas importantes para limitar os riscos:
  • Não informar a senha do seu programa de milhagem para funcionários (secretaria), agentes de viagens ou terceiros em geral.
  • Ligar pessoalmente para a central do programa de milhagem para resgatar prêmios, sem a intermediação de outras pessoas.
  • Alterar frequentemente a senha do programa de milhagem.
  • Nunca utilizar computadores públicos para administrar sua conta.
  • Consultar mensalmente a conta do programa de milhagem.
  • Manter no computador um antivírus instalado e sempre atualizado.
  • Verificar de ter inserido corretamente seu e-mail pessoal no cadastro da conta no programa de milhagem para receber mensagens de confirmação sobre acessos e operações realizadas.
  • Desconfiar ao receber mensagens "genéricas", do tipo “caro cliente”. As empresas aéreas personalizam as mensagens usando o nome de cada usuário.
  • Ao abrir mensagem supostamente vindo da empresa, desconfie das informações. Consulte sempre a página oficial da empresa antes de clicar em links de promoções que chegam por e-mail.
  • Se clicar em algum link, cheque qual é o endereço do site que vai aparecer no navegador e feche imediatamente o navegador caso não seja o endereço oficial da companhia aérea.
  • Se tiver dúvidas, entre em contato com a empresa aérea antes de efetuar transações que não são costumeiras.
A seguir um exemplo de e-mail fraudulento informando uma falsa promoção e levando a um falso site de uma companhia aérea no qual são solicitados todos os dados necessários para deviar milhas.





Fraudes Diversas e "Tecnológicas"
Fraudes em Pesquisas Científicas 



As atividades de pesquisa científica estão sujeitas à fraudes, como qualquer outra atividade humana.
A história da pesquisa científica é desde sempre salpicada de fraudes desse gênero e reconhecer esta realidade é importante para enfrentar o problema.

O fenômeno está longe de ser recente. Recentes pesquisas encontraram forte indícios de fraudes nos trabalhos de grandes nomes da ciência como Mendel, Newton, Galileu e Darwin (entre muitos outros). Já na antiguidade, o astrônomo e matemático Cláudio Ptolomeu (90-168), para criar seu sistema geocêntrico, usou os cálculos do cientista Hiparco de Rodes tomando-os como seus. Foi descoberto recentemente pois o aspecto do céu estrelado varia de acordo com a latitude e a descrição reivindicada por Ptolomeu não poderia ter sido feita em Alexandria, onde ele vivia, mas somente em Rodes.

Curiosamente, até pouco mais da metade do século passado não se levava muito em conta este aspecto pelo fato de os cientistas terem o costume de repetir suas experiências acreditava-se que ninguém pensaria em inventar resultados ou publicar falsos dados.

É clássica a orgulhosa alegação dos cientistas de que o método científico é autocorretivo por definição, pois novos achados são aceitos somente após exaustivamente reproduzidos. Apesar disso, as evidências demonstram que, por diferentes razões, há constantemente a possibilidade que ocorram fraudes.

Existem vários fatores que podem ajudar a entender o aumento deste fenômeno nos tempos recentes. Um dos principais deles é a pressão de ter êxito (e justificar o uso de fundos) e a competitividade que vivenciam os pesquisadores de todos os setores. Os cientistas são tão sujeitos às fragilidades humanas como são imbuídos de virtudes. É importante observar que até o início do século 20, o principal motor da fraude foi a busca de fama e prestígio ao passo que hoje uma componente muito relevante é também o dinheiro. Em 2005, somente nos EUA, segundo a Association of University Technology Managers, os pesquisadores receberam 42,3 bilhões de dólares em fundos de pesquisa.

Por esta razão, em muitos países, as autoridades governamentais têm estabelecido regras de qualidade nas pesquisas científicas, com o intuito de minimizar as fraudes.
O governo americano, por exemplo, criou, em 1992, o Departamento de Integridade na Pesquisa (Office of Research Integrity – ORI). Os relatórios do ORI, no período de 2001 a 2002, apontam 27 casos verificados de fraude. Desses, 23 envolviam falsificação, 20 relacionavam-se à fabricação de dados e quatro eram plágio.
Numa outra pesquisa, onde o ORI entrevistou 2.012 cientistas de 605 instituições de pesquisa, resultou que 9% dos entrevistados declararam ter testemunhado algum tipo de fraude ou conduta inadequada nos últimos três anos. Com base em suas investigações, o ORI estima que todo ano ocorram três incidentes de fraude para cada 100 pesquisadores nos EUA.

As fraudes em pesquisas científicas envolvem uma ou mais das seguintes modalidades:

  1. Coleta inadequada de informações ou dados.
  2. Tratamento incorreto de dados.
  3. Autoria indevida ou plagio.
  4. Não citação de fontes.
Interessante mencionar que, em 1830, o matemático inglês Charles Babbage editou um livro intitulado "Reflections on the Decline of Science in England" (Reflexões sobre o Declínio da Ciência na Inglaterra), para relatar a condição então existente em relação aos assuntos científicos.
Nele, Babbage listou as modalidades de fraudes com dados que considerava serem usadas por alguns cientistas quando as coisas não saíam do jeito que esperavam:
“APARAR”, nos casos em que as irregularidades eram suavizadas para fazer com que os dados parecessem extremamente exatos e precisos.
“PENEIRAR”, nos casos em que apenas os resultados que melhor se ajustavam à teoria da pessoa eram escolhidos, e o restante era desconsiderado.
“FALSIFICAR”, nos casos em que alguns, ou todos, os dados nas experiências que a pessoa talvez tivesse realizado, eram inventados.

É importante distinguir as fraudes científicas de situações decorrentes de simples erros ou de imperícia ou imprudência na coleta, tratamento e avaliação dos dados. O que define o conceito de fraude, neste caso, é o uso deliberado e intencional de modalidades fraudulentas ou comportamentos antiéticos.

Fraudes Diversas e "Tecnológicas"

"Gatos" e fraudes contra fornecedores de serviços 



O furto de água, energia, TV a cabo, telefone entre outros serviços, é um crime. Apesar de ilícita, a prática é bastante comum e ganhou o nome genérico e popular de "gato".

Juridicamente, a maioria dos casos se enquadra na definição de Furto (Art. 155 C.P. - pena de 1 a 4 anos) ou Furto mediante fraude (furto qualificado, Art. 155 §4 C.P. - pena de 2 a 8 anos). Existem também casos que podem ser tipificados como Estelionato (Art. 171 C.P. - pena de 1 a 5 anos).

Furto ou Furto Qualificado - Ocorre quando há conexões clandestinas, auto-reconexões e desvios antes da medição.
Estelionato - É caracterizado pela manipulação dos equipamentos de medição ou fornecimento, alterando o valor correto da sua precisão para valores inferiores aos reais, ou modificando em próprio benefício o funcionamento estabelecido pela empresa fornecedora do serviço.

Estimativas de 2007/08 indicam que entre 10% e 20% (dependendo do Estado) da energia produzia no Brasil é objeto de fraude ou furtos, causando ao sistema elétrico nacional um prejuízo superior a R$ 5 bilhões ao ano.

Já no que diz respeito a água existem, pra 2008, estimativas de roubo ou fraude envolvendo aproximadamente 18% do volume fornecido pelos sistemas de abastecimento no país, representando um valor de mais de R$ 2 bilhões anuais.

Com relação a TV por assinatura, as associações de categoria (SETA e ABTA) em 2007/08 estimavam que entre 13% e 15% das pessoas que assistem à programação recebem o sinal por uma ligação ilícita, isso em termos de Brasil significa quase meio milhão de "atos" 370 mil conexões a cabo e 124 mil via satélite. O prejuízo das empresas chega a R$ 500 milhões anuais.

Além de terem um exercito de fiscais procurando "gatos", as empresas hoje tem departamentos de inteligência que exploram ferramentas tecnológicas e softwares que facilitam a identificação de casos de fraude ou furto.

Quando detectada uma fraude ou furto, o comportamento por parte das empresas varia, dependendo dos casos e das empresas, deste a regularização com ou sem cobrança de multas e dos valores relativos aos períodos de uso ilícito até a formalização de um Boletim de Ocorrência na Polícia com consequente abertura de um procedimento penal (caso frequente para as operadoras de TV por assinatura).

Coibir os furtos e fraudes é importante para todas as empresa envolvidas pois, além da questão de justiça em relação aos clientes regulares, em muitos casos a existência de "gatos" prejudica a disponibilidade e funcionamento dos serviços para os usuários da região, sem contar que se trata de perdas relevantes que, fatalmente, resultam em aumento de preços para todos ou seja, em dano para a sociedade.




MONITOR DAS FRAUDES      http://www.fraudes.o



















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